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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Coragem, presidenta Dilma! - Artigo do Messias Pontes para 29.06.11


Messias Pontes Jornalista e Presidente do Comitê de Imprensa 
da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
A crise profunda do capitalismo está atingindo em cheio, agora, os chamados países centrais, porém os periféricos não estão livres das suas nefastas consequências. Uns serão mais afetados que outros, dependendo da maneira como cada governo reagirá. Para surpresa e espanto, governos progressistas como os de Portugal e Espanha estão embarcando na nau neoliberal, fato que só tem agravado a vida da população, notadamente da juventude que enfrenta o maior desemprego e não consegue ver uma luz no fim do túnel.
O resultado é que esses países estão caminhando celeremente para a direita, num retrocesso nunca visto. As últimas eleições demonstraram isso. A bola da vez é a Grécia que enfrenta crescentes protestos das massas trabalhadoras e, principalmente, da juventude que não aceitam pagar a conta. As imposições dos organismos internacionais, como o FMI e o Banco Central europeu, estão empurrando a Grécia para a mais profunda recessão. O resultado é que a direita, cada vez mais, ganha força, ao contrário da América Latina que tem vivido um período de vitórias progressistas.

É imprescindível que a presidenta Dilma Rousseff saiba tirar lições deixadas pelo presidente Lula quando do estouro da “bolha imobiliária” nos Estados Unidos, em 2008. Naquele período, o presidente Lula orientou os brasileiros a não deixarem de consumir, com responsabilidade. Foi o suficiente para o demotucanato e sua velha mídia conservadora, venal e golpista “caírem de pau” em cima do presidente Lula, numa campanha suja, chamando-o de irresponsável.
A orientação do presidente Lula mostrou-se correta, tanto que a indústria passou a produzir mais, o comércio a vender mais ainda, e o número de empregos formais disparou. Lula dizia que aquela crise era um tsunami lá fora, mas aqui seria uma marolinha. Os neoliberais protestaram, gritaram, espernearam, mas tiveram de engolir a seco o êxito da política adotada por Lula. O resultado é que o Brasil cresceu 7,5% em 2010, ficando atrás apenas da China e da Índia. O resultado não foi melhor porque o Governo Lula manteve alguns preceitos neoliberais como a alta dos juros e uma política cambial que retira dos produtos nacionais a competitividade no exterior.
A presidenta Dilma precisa saber tirar lições da experiência vivida pelo Brasil no auge da última crise do capitalismo, não aceitando o receituário neoliberal que setores do seu governo continuam impondo. O então ministro Antonio Palocci era um dos arautos dessa política nefasta, sob a alegativa de manter a inflação sob controle. É importante lembrar que foi com a saída de Palocci do governo que o Brasil começou a crescer de maneira mais acelerada.
O Brasil não pode retroceder, porém está correndo o risco de isso acontecer, já que as pressões dos neoliberais incrustados no governo têm surtido algum efeito. A tragédia causada pelas privatizações levadas a cabo pelos neoliberais tucano-pefelistas ainda pode se repetir, embora em menor escala. Contudo, o anúncio de privatização de estradas, portos e aeroportos e os contínuos cortes dos gastos públicos acenderam o sinal amarelo. Isto sem falar nos constantes aumentos das taxas de juros, apesar da inflação ter iniciado uma curva descendente, e do descontrole de entrada de capitais especulativos e também da temerária política cambial que está causando tremendos prejuízos às empresas nacionais, notadamente ao setor industrial.
Os neoliberais apostam todas as suas fichas no retrocesso e sonham em ver a presidenta Dilma se transformando num José Maria Zapatero de saia. Foi por fazer uma concessão aqui e mais uma concessão ali que Zapatero levou o Partido Socialista da Espanha a uma fragorosa derrota nas últimas eleições. É preciso enfrentar esse quadro com determinação.
Coragem, presidenta Dilma!

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