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sábado, 29 de janeiro de 2011

De Pentecoste para a Colômbia] Viviane Matos, professora de espanhol, conta sua experiência de intercâmbio

O blog (http://nonatofurtado.blogspot.com/) entrevistou a professora de espanhol, Viviane Matos, que passou seis meses ensinando língua e cultura portuguesa para estrangeiros na Universidade de Magdalena na Colômbia.
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Ela nasceu e cresceu em Pentecoste. Através do PRECE, ela ingressou na universidade. Apaixonada pela língua e cultura hispânica, concluiu o curso de Letras Espanhol na UFC. Não é difícil o pessoal confundi-la com uma hispânica, não só pelos traços, mas pelo nível e domínio linguístico ao se comunicar em castelhano. Logo, começou a atuar no ensino superior ensinando no curso de Letras semipresencial da UAB/UFC. Também chegou a ensinar na Escola Tabelião José Ribeiro Guimarães, em sua cidade, onde estudou a maior parte de sua educação básica. Mas, desejava ter uma experiência internacional. Queria (e ainda quer) conhecer o mundo. Então, surgiu uma oportunidade: um intercâmbio. Através dele, teve a oportunidade de ensinar em uma universidade no exterior. Assim, lá se foi a pentecostense pra Colômbia de “mala e cuia”.

Nonato Furtado – Viviane, muita gente fica curiosa pra saber o que você fez para conseguir um intercâmbio para desempenhar uma atividade de tanta relevância: ensinar em uma universidade no exterior. Que caminho você seguiu para conseguir essa proeza?  Fale um pouco desse processo de seleção ao qual você foi submetida.
Viviane Matos- Em 2010, meu amigo Marcelo de Goes, que agora está fazendo intercâmbio na Romênia, enviou um link sobre uma Associação Internacional de estudantes (AIESEC) que promovia intercâmbios para vários lugares do mundo. Eu vi aquilo e logo fiquei apaixonada pela idéia. A AIESEC é uma “fábrica” de líderes, seu objetivo não é apenas enviar estudantes para outros países, mas também desenvolver capacidades de liderança em jovens que estejam interessados em impactar positivamente a sociedade. Eu já trazia no peito todo o aprendizado que minha experiência com o PRECE havia me proporcionado: essa vontade de ser útil pra sociedade, esse desejo de mudar minha vida e a vida de outras pessoas também. Enfim, foram os ideais dessas instituições que me cativaram. Hoje sinto orgulho de fazer parte de dois grupos tão importantes.
Finalmente, me inscrevi no processo seletivo da AIESEC. Para ser aprovada participei de entrevistas, conversas, encontros e reuniões. Cada email recebido com a mensagem “Você participará da próxima etapa” me deixava mais eufórica. Lembro que senti a mesma coisa em 2005, enquanto esperava o resultado final da UFC. Na última parte do processo de seleção, um encontro de dois dias feito especialmente para os novos membros, eu conheci algumas pessoas que já haviam feito intercâmbio, outras que estavam se preparando e outros que estavam realizando seu intercâmbio no Brasil, em Fortaleza. Pronto, ali eu já sabia que poderia colocar os pés no chão, dobrar todos os sonhos, organizá-los e guardar na mala. Eu iria fazer meu intercâmbio! 
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NF – Imagino que morar no exterior, principalmente quando alguém vai sozinho e isso ser sua primeira experiência internacional deve ser desafiador. Quais os maiores obstáculos que você enfrentou?
Viviane Matos –  Os maiores obstáculos foram internos. Eu tinha passaporte, visto, seguros e passagens compradas, estava legalmente organizada. Mas fazer uma travessia como essa não depende só de questões burocráticas. Na minha cabeça, um turbilhão de ideias bailavam concomitantemente. Mas todas as incógnitas só tornaram a experiência mais gostosa e feliz! Quando cheguei na Colômbia, todos os dias foram de constante descoberta, cada detalhe insignificante para eles, parecia se agigantar diante de mim. Isso era tudo.
NF – Quando falamos em Colômbia, logo nos vem a mente algumas impressões gerais sobre o país. Qual a visão que você tinha antes de morar lá e qual a que ficou depois do retorno? Mudou alguma coisa?
Viviane Matos – Colômbia é um país, assim como a maioria dos países na América Latina, que enfrenta problemas sociais e políticos muito sérios. Infelizmente há a questão do narcotráfico, isso é uma grande ferida naquela nação e é referência mundial, mas isso não anula as coisas boas que ela tem para oferecer. Eu vi pobreza e miséria, vi injustiça e corrupção. Mas o que eu trouxe na memória foram as coisas boas que vi e vivi. Colômbia é um lugar de gente amável, trabalhadora e de auto-estima super elevada. Lá eu descobri o que é realmente um país latino, com música latina, comida e tradição latina. Essa é a visão que eu trouxe desse país e é essa que vou divulgar aonde eu for!  
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NF – Muitos estrangeiros têm uma visão estereotipada do Brasil, restringindo o nosso país ao carnaval, futebol, mulatas e outros tais. No contexto no qual você esteve inserida, como as pessoas vêm nosso país?
Viviane Matos –  Eu acho que isso mudou um pouco. Claro que as pessoas pedem pra você sambar quando descobrem que você é brasileira e querem que você fale de futebol com propriedade. Nesse quesito eu fui uma péssima representante, diga-se de passagem. Mas sabe sobre o que as pessoas mais falavam? Em ordem de importância: política, principalmente sobre o Presidente Lula; educação superior, muitos alimentam o sonho de fazer uma pós graduação gratuita no Brasil, eles tem ótimas referências; e sobre o Mundial 2014, parece que a copa será no próprio país deles.
NF – Imagino que seu trabalho na Universidade de Magdalena tenha sido muito importante. Fale um pouco de suas atividades ali.
Viviane Matos – Minhas atividades se resumiam as aulas convencionais para os alunos matriculados no Curso de Português e as atividades extra-clase que eram oferecidas para qualquer aluno da Universidade de Magdalena. Nas atividades culturais eu promovi o cinema brasileiro e a música popular brasileira. No encontro de despedida fizemos uma viagem pelo mundo dos cordéis, literatura tipicamente nordestina. Saí feliz com os resultados. Apesar de algumas dificuldades fonológicas e semânticas em relação ao português, os estudantes se mostraram bastante interessados na língua e no aprendizado desse idioma.

NF – Imagino que toda essa vivência te trouxe muitos aprendizados não só como pessoa, mas como profissional. O que você poderia destacar?
Viviane Matos – Primeiro, respeito e tolerância pela cultura do outro. Se você ainda não aprendeu esses dois princípios de convivência, supostamente não está pronto para viver em outro país. Alí, eu aprendi que minha cultura não é única, nem melhor, nem pior, ela é apenas mais um reflexo da sociedade, uma visão coletiva do mundo, mais uma vista de um ponto. Eu aprendi uma visão mais colombiana de enxergar as coisas e isso só acrescentou no meu jeito de “ser humano”. Ah, são tantas coisas. Por fim, eu descobri algo que eu tinha apenas uma leve idéia: eu quero realmente viajar, conhecer o mundo, conhecer as pessoas, ser importante na vida dos outros e deixar que eles sejam importantes na minha vida.
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NF – Agora, vamos falar de saudade: “A saudade é uma menina buliçosa que sacode o pó dos envelopes e abre os álbuns do meu sofrer”, já diria um cronista. Quando se está fora de sua cidade, uma pessoa pode sentir saudade desde a comida até o cheiro e os rostos de pessoas com as quais não tínhamos muito contato. Falando nisso, do que você mais sentia falta na Colômbia?
Viviane Matos-Sabe que essa é a palavra que mais me encanta. Eu dediquei um encontro literário para falar da saudade... Palavra exclusiva da língua portuguesa, exclusiva. Todo o mundo sente saudade mas nós, brasileiros, recitamos os melhores versos e cantamos as mais belas canções que falam desse sentimento. Saudade mesmo eu sentia das pessoas. Queria abraçar minha mãe, meus primos e avó, sair com meus amigos, caminhar à beira  mar comendo milho cozido, andar de bicicleta em Pentecoste. Saudade faz parte de um intercâmbio, se você não sente isso, alguma coisa deve está errada.
NF- Tem muita gente interessada em fazer intercâmbio. E conhecendo sua experiência muitos outros desejarão ter uma vivência internacional. Que conselho você daria a quem seguir esse caminho? 
Viviane Matos – Primeiro e essencial, aprender outro idioma. Essa é uma exigência não só para quem quer viver uma experiência em outro país, mas também é um  diferencial na vida de qualquer profissional. Se  a pessoa já tem ensino superior, isso facilitará bastante, pois você já tem um foco e sabe exatamente o que quer. Mantenha-se informado, freqüente as páginas de instituições que promovem intercâmbios. Se esse realmente é seu objetivo, economize. Por mais que você tenha um salário garantido no exterior, você terá gastos com documentos internacionais, seguros e passagens aéreas. Algumas instituições cobrem tudo, como a Erasmus Mundus, mas isso não quer dizer que você não deve se prevenir. Ah, converse com pessoas que já viveram a experiência de um intercâmbio. Conversar com essas pessoas só alimenta sua imaginação e te dá mais vontade de pisar em outros solos.
Finalmente, Viaje!
Professora Viviane e estudantes da Universidade de Magdalena

Fonte: Pró-Reitoria de Graduação da UFC - fone: (85) 3366.9410

Artigo do Messias Pontes - Acorda, General, a guerra fria acabou!


24.01.11
Em entrevista ao jornal O Estado, edição de 24/01/2011, o general reformado do Exército, Francisco Batista Torres de Melo, também coordenador do Grupo Guararapes (de estrema direita), ainda defende a famigerada e finada Lei de Segurança Nacional, imposta durante a trágica ditadura militar implantada em 1º de abril de 1964 e finda em 15 de março de 1985, e não percebeu também que a guerra fria acabou.
Nessa entrevista, ele diz uma série de sandices e só faltou dizer que comunista come criancinha e mata os velhos para fazer sabão como ensinou aos seus subordinados na caserna. Ele acusa a esquerda de ser a favor de ditadura, mas esqueceu de dizer que ele foi um dos golpistas de 64 e defensor até hoje da ditadura militar que infelicitou a nação brasileira, demitindo funcionários públicos, cassando mandatos parlamentares, fechando o Congresso Nacional, prendendo sem mandado judicial, portanto ilegalmente, banindo, torturando, estuprando e matando covardemente quem se opunha à tirania fardada, e ainda ocultando cadáveres e escondendo documentos oficiais. Ainda hoje 144 famílias esperam notícias da localização dos corpos de seus ente queridos, como, onde e quando foram mortos.
Defensor de democracia sem povo, Torres de Melo se queixa do “ódio da esquerda” mas destila um ódio insano contra todos que não leem na sua cartilha, em especial os que defendem a liberdade com o povo e a soberania nacional. O ódio dele ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega a ser patológico. Talvez por entender que um ex-operário metalúrgico, retirante nordestino e sem formação acadêmica não pode ascender ao mais alto posto da Nação e, nesta condição, comandante-em-chefe das Forças Armadas. Dói na alma dele ver o presidente Lula deixar o governo sendo aclamado por 83% dos brasileiros, sendo que nas regiões Norte e Nordeste esse percentual ultrapassa os 90%.
É com relação ao PNDH-3 que ele demonstra ainda mais o seu desprezo pela democracia que diz defender. E esquece que este é apenas a repetição, com alguns avanços, do PNDH-2, proposto pelos tucanos que ele tanto defendeu nas últimas eleições presidenciais, quando usou seus comandados do famigerado Grupo Guararapes para encher as caixas de emails de centenas de milhares de brasileiros com mentiras, acusações e difamações contra Dilma Rousseff, candidata das forças democráticas, progressistas e patrióticas deste País.
Com relação à Comissão da Verdade – que ele chama de Comissão da Mentira - que deve ser votada pelo Congresso Nacional, Torres de Melo tem mais medo dela que o diabo da cruz. Por isso busca desqualificá-la pensando que os crimes praticados pelos setores antidemocráticos das Forças Armadas ficarão eternamente abafados.
Ele deve estar espumando de ódio de um significativo setor do Exército que está defendendo a democratização das Forças Armadas brasileiras. Trata-se do Movimento batizado de Capitanismo, fundado há dois anos por capitães que defendem a adequação das normas da caserna à Constituição Federal. O capitão paraquedista Luiz Fernando Ribeiro Sousa, que está em prisão domiciliar há dois meses,  declara que “defendemos a manutenção da hierarquia e da disciplina militar, mas as coisas mudaram nas últimas quatro décadas”. Esse Movimento advoga a reformulação do Estatuto e do Código Penal Militar, ambos anteriores à Constituição de outubro de 1988.
Como cidadão e principalmente como oficial superior do Exército, ele tem a obrigação de defender e cumprir o que determina a Constituição Federal, Lei maior do País. Porém ele nunca a respeitou, já que ajudou a rasgá-la em abril de 1964, e agora chama a Constituição Cidadã de 1988 de “colcha de retalhos”. Diz ainda que a Constituição “é tão falsa que todo dia alguém apresenta mudança”.
Esse General, que ainda chama a quartelada de 1º de abril de revolução, é um intransigente defensor das carcomidas oligarquias que não se conformam com o fato de Lula ser hoje uma das maiores lideranças mundiais, recebendo um sem-número de condecorações de governos, entidades e até de jornais e revistas, inclusive de órgãos  conservadores, da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa.
Tirar 25 milhões de brasileiros da miséria e levar mais de 35 milhões à classe média; levar mais de 700 mil filhos de operários e camponeses pobres à universidade, estancar o criminoso processo de privatização do patrimônio público, falar de igual pra igual com os Estados Unidos, o Paraguai e a Bolívia, propiciar viagens de avião a milhares que nuca sequer sonharam com isso, dar condições dos pobres comerem carne diariamente, e até poder comprar motos e carros é demais.
O general Torres de Melo também não esconde o seu ódio irracional aos movimentos populares, notadamente ao Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST). Aos que participam desses movimentos ele chama de criminosos, daí criticar com veemência o então presidente Lula por dialogar com todos eles.
No próximo artigo farei algumas perguntas e gostaria de vê-las respondidas pelo General Torres de Melo.