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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Jovem economista combate êxodo rural no Sertão

Wagner Gomes dá nova vida ao interior cearense investindo no desenvolvimento de comunidades

por Janice Kiss | Fotos Drawlio Joça, em Pentecoste (CE)
Drawlio Joca
Os agricultores de Pentecoste fizeram curso para exercer uma apicultura de alta qualidade
A estação das chuvas foi generosa no Sertão do Ceará, fazendo com que ele permanecesse verde até o meio do ano, coalhado de jitiranas, flor de cor arroxeada preferida pelas abelhas e que resulta em mel muito saboroso, e açudes cheios. O economista Wagner Gomes está muito feliz, porque sabe que os animais terão alimento garantido para a época da seca que se aproxima, os produtores colheram boas safras de milho e feijão e a florada não faltou para a apicultura. Renda certa e agricultor animado são garantias de planos para melhorar a propriedade e reverter o histórico de miséria que marca o Semiárido brasileiro. Há quatro anos, Wagner, de 29, lidera um grupo de 15 jovens feito ele na Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), que ajudou a fundar e cuja missão não é pouca. “Transformar a lógica do êxodo rural oferecendo desenvolvimento econômico e social nas comunidades”, diz. Wagner conta com o zootecnista Adriano Souza, amigo e parceiro de trabalho, para coordenar a equipe e sacolejar pelas estradas da região. Ambos poderiam ter arrumado emprego em lugares confortáveis, mas preferiram voltar para a região de Pentecoste, a 90 quilômetros de Fortaleza, e implantar um programa que tem como lema dar nova vida ao Sertão. Em tão pouco tempo, a agência conseguiu dar assistência a 450 produtores, situados em 72 comunidades, divididas entre oito municípios. “Toda informação é preciosa quando ela é escassa”, analisa Wagner. Por essa razão, talvez os produtores da comunidade Malaquias, em Tejuçuoca, nunca tivessem ouvido falar em silagem de milho e sorgo para garantir alimento para cabras e bois em tempos de seca. “No primeiro semestre, o animal ficava gordinho. No segundo, era puro osso”, relembra João Barbosa Marques. Uma simples ensiladeira e uma enfardadeira foram suficientes para beneficiar o plantio de grãos em oito hectares compartilhados por três produtores. “Rompemos com a ignorância”, comenta Milton Teixeira, que também aprendeu que os rufiões precisam ser trocados com o tempo para manter a boa reprodução dos caprinos.


Drawlio Joca
O mel em sachês é fornecido para a merenda escolar de Pentecostes

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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Relatório do Prefeito Graciliano Ramos da Prefeitura Municipal Palmeira dos Índios

 Prefeito Graciliano Ramos
Acervo
Que Graciliano era rigoroso ao extremo com seus escritos, sabemos há muito. A faceta pouco conhecida ou lembrada é a de sua retidão enquanto foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, Alagoas, em 1927. Ocupou o cargo por dois anos e renunciou. Não sem deixar seus preciosos relatórios de atividades da prefeitura. Como sugeriu o Arnaldo Branco, em pontual comentário, "Se existisse vestibular pra Político, obrigaria os caras a decorar o relatório que o Graciliano Ramos fez como prefeito".

Relatório da Prefeitura Municipal de Palmeira dos Índios

Prefeito: Graciliano Ramos

Um relatório formal, de prestação de contas de um Prefeito, pode se transformar em preciosa obra literária? Sim, ainda mais se o Prefeito for Graciliano Ramos, um dos maiores literatos do Brasil.

PRECE



PRECE: vidas em SuperAção

Pentecoste tem sido palco, nas últimas semanas, de uma grande concentração de estudantes que estão participando do SuperAção Enem 2011. Trata-se, especificamente, do Ciclo de Palestras sobre o Enem. Mas, as ações do Programa de Educação em Células Cooperatias – PRECE apoiando estudantes no caminho rumo à universidade se confundem com a própria história do programa. No próximo mês de outubro, o PRECE completa 17 anos de existência. Foram muitas lutas, muitos obstáculos e muitos pedaços de sonhos degustados cooperativamente pelos meandros da nossa recente história.
Rememorando um passado não tão distante, podemos dizer que, antes do PRECE, eram poucos os filhos de Pentecoste e do Vale do Curu, oriundos da classe popular, que conseguiam ingressar no ensino superior. Mas, agora, “Somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida.” (Como diria João Cabral de Melo Neto). Isso não só porque é expressiva a quantidade de estudantes precistas no ensino superior. Mas, também, porque nossas dores são irmãs, nossas esperanças companheiras de estrada e cultivamos juntos um grande roçado de sonhos.
Então, agricultores, pescadores, vaqueiros, donas de casa, moto-taxistas, professores, bodegueiros, desempregados e muitas outras pessoas simples, filhas desse nosso torrão, que têm sofrido por conta da injustiça social e dos desmandos de nossos governantes, agora, veem seus filhos se graduando, fazendo mestrado, doutorado e ingressando no mercado de trabalho.
Com isso, podemos afirmar que o PRECE surgiu como aquela chuva anunciada pelo voo das formigas, pelo balé das árvores e pelo canto dos pássaros. Ele é aquele vento agradável que diz para o agricultor que a chuva vem logo ali. Esse programa é a garra estampada no peito do vaqueiro que rasga a caatinga em busca dos garrotes arredios. O PRECE é uma profecia que se materializa cotidianamente na vida de muitos jovens sertanejos que, além de ingressar na universidade, retornam e são protagonistas em suas comunidades de origem.
E dessa mesma forma, o SuperAção Enem é mais uma das muitas atividades desenvolvidas por esse programa orientando estudantes que irão fazer o Enem, apoiando com uma boa estrutura (social, pedagógica e cognitiva). Mas, sobretudo, motivando aqueles que ainda não ingressaram no ensino superior com o compartilhamento de experiências e de histórias de vidas. Assim, não é exagero dizer que o PRECE é feito por vidas em SuperAçã e o SuperAção Enem é o PRECE com você rumo à universidade.

Nonato Furtado
Coordenador do SuperAção Enem