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segunda-feira, 20 de junho de 2011

ESCOLAS PROFISSIONALIZANTES DO CEARÁ

Jovens preenchem demanda


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Entre os cursos oferecidos nestas instituições de ensino está enfermagem. A partir dele os estudantes estarão capacitados para atuarem como técnicos na área da saúde
FOTO: KIKO SILVA
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Aproximadamente três mil alunos já concluíram o Ensino Médio nas escolas de educação profissional do Ceará. Destes, mais de 13% estão inseridos no mercado de trabalho e outros 13% estão cursando o Ensino Superior
FOTO: KIKO SILVA
A estimativa é que mais 13 instituições de ensino neste modelo sejam inauguradas no Estado até o fim de 2011
Capacitar jovens para um mercado de trabalho que sente, cada vez mais, a ausência de mão-de-obra qualificada é um dos principais motivadores para o ressurgimento das escolas profissionalizantes. No Ceará, estas instituições já somam 73, envolvem 28 mil alunos e estão presentes em 54 municípios. Mais de três mil estudantes já concluíram o Ensino Médio, estando assim aptos a atuarem como técnicos. Destes, 13% estão inseridos em setores produtivos e outros 13% cursam o Ensino Superior.

A implantação conta com incentivos do Governo Federal que, em parceria com o Governo Estadual, investe desde 2008 nesta área. A expectativa é que, até 2012, mais 51 escolas sejam construídas no Ceará, formando uma rede com mais de 120 instituições. Somente este ano, são esperadas 13 inaugurações.

Aliada ao bom momento econômico pelo qual a economia brasileira, de um modo geral, vem passando, a educação profissional impulsiona jovens estudantes a se inserirem em setores que não contam com técnicos em número suficiente para atender a sua demanda.

Com uma metodologia e estrutura diferenciadas dos demais colégios públicos, a escola profissionalizante de hoje também apresenta importantes diferenças com relação àquelas fundadas em anos anteriores. Dentre elas está o tempo integral, a variedade de cursos, um total de 45, e o incentivo ao protagonismo juvenil.

Segundo Marco Aurélio, mestre em Educação, as escolas técnicas do passado tinham como única preocupação ensinar métodos de atuação no trabalho. Hoje, de acordo com o especialista, por conta da rápida evolução tecnológica e de uma nova concepção educacional, essas instituições precisam ensinar mais que técnicas. "É necessário que os jovens tenham uma postura de aprender sempre, de ser um trabalhador analítico, ter capacidade de adaptação rápida às mudanças e saber trabalhar e aprender em equipe. Estes são grandes diferenciais".

Contudo, Marco Aurélio alerta que as escolas profissionalizantes não devem ficar limitadas a ensinar apenas habilidades a seus estudantes apesar das mudanças que o mercado passa quase que diariamente. "É justamente por esse motivo que a escola deve formar mais para as competências e menos para as habilidades, até porque habilidades se aprendem até mesmo fora da escola", analisa.

Competências
Aos 17 anos e prestes a concluir o 3º ano do Ensino Médio, Evandro Elias da Costa sairá da Escola Estadual de Educação Profissional Paulo Petrola, na Barra do Ceará, apto para atuar como técnico em hardware. O adolescente tem como pretensão seguir a carreira de engenheiro, sonho que surgiu a partir da escolha pelo curso. "A minha vida é estudar. Tenho certeza que conseguirei um emprego quando acabar o Ensino Médio", afirma.

Conforme Andréia Rocha, responsável pela Coordenadoria de Educação Profissional da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), estas instituições de ensino têm como desafio relacionar o Ensino Médio com o mercado de trabalho, auxiliando na formação destes estudantes. "A escola profissional se baseia no protagonismo juvenil, proatividade, corresponsabilidade, formação continuada do professor e replicabilidade".

Para Marco Aurélio, a educação tem muito a ganhar com o investimento em escolas profissionalizantes. No entanto, o especialista comenta que é necessário se atentar também para aspectos gerais. "O cuidado que se deve ter é se essas escolas ensinarem apenas técnicas de trabalho, deixando de ensinar ao jovem o conhecimento universal e de desenvolver as capacidades ou competências para o pensamento autônomo e crítico, tolhendo sua capacidade de autodidatismo".


OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Inserção mais significativa no mercado
A formação ganha, a cada dia, uma roupagem nova, virando retrato dos jovens e símbolo de suas capacidades e pré-requisito para o seu ingresso no mundo das grandes corporações, em que os professores transitam em várias áreas acompanhando a flutuação das empresas, com estruturas cada vez mais flexíveis, fazendo com que as escolas precisem aprender a lidar sem pressão com os estudantes. Percebo que existem vários projetos experimentais em escolas profissionalizantes, com equipamentos sofisticados, ocupando, dentro das instituições de ensino, lugar que vem alterar a rotina das aulas, quando alunos e professores interagem na busca de garantir uma aprendizagem de boa qualidade, pois são "obrigados" a modificar suas posturas. O ensino profissionalizante traz, muitas vezes, para o jovem perspectiva de trabalho através da oferta de cursos, ampliando suas ações na sistematização e viabilização de seus projetos. Saliento a importância de parceiros, como empresas cedendo espaços para estágios, com o objetivo de ampliar as ações propostas pelos cursos profissionalizantes, através de Múltiplas Estratégias na disseminação de experiências educativas bem sucedidas. É fundamental ter sensibilidade para ouvir pessoas, sentir suas necessidades, investir em sua cultura e incentivar a inclusão digital, comprometendo-se com a qualidade da educação e tendo como consequência uma inserção mais significativa do jovem no mercado de trabalho.

Lina de Gil*linadegil@secrel.com.br
* Professora da Universidade de Fortaleza (Unifor)

ORGANIZAÇÃO DIFERENCIADA
CE conta com 13 escolas padrão
Com uma estrutura que se assemelha a instituições de ensino privado, 13 das 73 escolas profissionalizantes do Ceará, mantidas com recursos dos governos federal e estadual, foram construídas nos padrões estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Para receber, todo semestre, uma média de 180 alunos, entre 15 e 18 anos, cada escola neste modelo possui uma organização bastante diferenciada. Em 4,5 mil metros quadrados, estes estudantes contam com 12 salas de aula, auditório para 200 lugares, biblioteca, dependências pedagógicas-administrativas, laboratórios de línguas, tecnológico, informática, química, física, biologia e matemática. Além dos espaços destinados para a prática do curso técnico escolhido, de um ginásio poliesportivo e de um teatro de arena.

O investimento para cada escola de educação profissional nos padrões do MEC está estipulado em aproximadamente R$ 8,6 milhões.

Andréia Rocha ressalta que algumas escolas reformadas entre os anos de 2008 e 2010 para receberem os cursos e os alunos em tempo integral estão distantes de serem padrão MEC. "Muitas não são ideais. Mas o governo e os estudantes não podiam mais esperar, então o jeito foi inaugurá-las", conta.

A coordenadora da Secretaria da Educação do Estado explica que a oferta dos cursos técnicos é feita conforme a demanda e a necessidade dos setores produtivos de cada região onde funciona determinada escola profissionalizante, além de ser verificado quais são os projetos que serão investidos nestes locais.

"Levamos em conta também a presença de professores e de espaços para que os alunos possam estagiar no fim do curso. É um conjunto de fatores e de possibilidades que interferem e impulsionam o surgimento e a concretização destas escolas", comenta Andréia Rocha.

Oferta
Dentre as 45 oportunidades disponibilizadas nestas instituições estão: administração, turismo, enfermagem, tecelagem, eletromecânica, finanças, meio ambiente, mineração, química, produção de moda, nutrição, petróleo e gás, fruticultura, edificações, secretariado e informática.


Investimento
8,6milhões de reais é a quantia aproximada do que é investido em cada escola profissional padrão MEC. Os recursos são oriundos da parceria entre os governos federal e estadual

JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER

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