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sábado, 29 de janeiro de 2011

Artigo do Messias Pontes - Acorda, General, a guerra fria acabou!


24.01.11
Em entrevista ao jornal O Estado, edição de 24/01/2011, o general reformado do Exército, Francisco Batista Torres de Melo, também coordenador do Grupo Guararapes (de estrema direita), ainda defende a famigerada e finada Lei de Segurança Nacional, imposta durante a trágica ditadura militar implantada em 1º de abril de 1964 e finda em 15 de março de 1985, e não percebeu também que a guerra fria acabou.
Nessa entrevista, ele diz uma série de sandices e só faltou dizer que comunista come criancinha e mata os velhos para fazer sabão como ensinou aos seus subordinados na caserna. Ele acusa a esquerda de ser a favor de ditadura, mas esqueceu de dizer que ele foi um dos golpistas de 64 e defensor até hoje da ditadura militar que infelicitou a nação brasileira, demitindo funcionários públicos, cassando mandatos parlamentares, fechando o Congresso Nacional, prendendo sem mandado judicial, portanto ilegalmente, banindo, torturando, estuprando e matando covardemente quem se opunha à tirania fardada, e ainda ocultando cadáveres e escondendo documentos oficiais. Ainda hoje 144 famílias esperam notícias da localização dos corpos de seus ente queridos, como, onde e quando foram mortos.
Defensor de democracia sem povo, Torres de Melo se queixa do “ódio da esquerda” mas destila um ódio insano contra todos que não leem na sua cartilha, em especial os que defendem a liberdade com o povo e a soberania nacional. O ódio dele ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega a ser patológico. Talvez por entender que um ex-operário metalúrgico, retirante nordestino e sem formação acadêmica não pode ascender ao mais alto posto da Nação e, nesta condição, comandante-em-chefe das Forças Armadas. Dói na alma dele ver o presidente Lula deixar o governo sendo aclamado por 83% dos brasileiros, sendo que nas regiões Norte e Nordeste esse percentual ultrapassa os 90%.
É com relação ao PNDH-3 que ele demonstra ainda mais o seu desprezo pela democracia que diz defender. E esquece que este é apenas a repetição, com alguns avanços, do PNDH-2, proposto pelos tucanos que ele tanto defendeu nas últimas eleições presidenciais, quando usou seus comandados do famigerado Grupo Guararapes para encher as caixas de emails de centenas de milhares de brasileiros com mentiras, acusações e difamações contra Dilma Rousseff, candidata das forças democráticas, progressistas e patrióticas deste País.
Com relação à Comissão da Verdade – que ele chama de Comissão da Mentira - que deve ser votada pelo Congresso Nacional, Torres de Melo tem mais medo dela que o diabo da cruz. Por isso busca desqualificá-la pensando que os crimes praticados pelos setores antidemocráticos das Forças Armadas ficarão eternamente abafados.
Ele deve estar espumando de ódio de um significativo setor do Exército que está defendendo a democratização das Forças Armadas brasileiras. Trata-se do Movimento batizado de Capitanismo, fundado há dois anos por capitães que defendem a adequação das normas da caserna à Constituição Federal. O capitão paraquedista Luiz Fernando Ribeiro Sousa, que está em prisão domiciliar há dois meses,  declara que “defendemos a manutenção da hierarquia e da disciplina militar, mas as coisas mudaram nas últimas quatro décadas”. Esse Movimento advoga a reformulação do Estatuto e do Código Penal Militar, ambos anteriores à Constituição de outubro de 1988.
Como cidadão e principalmente como oficial superior do Exército, ele tem a obrigação de defender e cumprir o que determina a Constituição Federal, Lei maior do País. Porém ele nunca a respeitou, já que ajudou a rasgá-la em abril de 1964, e agora chama a Constituição Cidadã de 1988 de “colcha de retalhos”. Diz ainda que a Constituição “é tão falsa que todo dia alguém apresenta mudança”.
Esse General, que ainda chama a quartelada de 1º de abril de revolução, é um intransigente defensor das carcomidas oligarquias que não se conformam com o fato de Lula ser hoje uma das maiores lideranças mundiais, recebendo um sem-número de condecorações de governos, entidades e até de jornais e revistas, inclusive de órgãos  conservadores, da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa.
Tirar 25 milhões de brasileiros da miséria e levar mais de 35 milhões à classe média; levar mais de 700 mil filhos de operários e camponeses pobres à universidade, estancar o criminoso processo de privatização do patrimônio público, falar de igual pra igual com os Estados Unidos, o Paraguai e a Bolívia, propiciar viagens de avião a milhares que nuca sequer sonharam com isso, dar condições dos pobres comerem carne diariamente, e até poder comprar motos e carros é demais.
O general Torres de Melo também não esconde o seu ódio irracional aos movimentos populares, notadamente ao Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem terra (MST). Aos que participam desses movimentos ele chama de criminosos, daí criticar com veemência o então presidente Lula por dialogar com todos eles.
No próximo artigo farei algumas perguntas e gostaria de vê-las respondidas pelo General Torres de Melo.

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