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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Tumulto e confronto em votação na Câmara e reajuste é aprovado

Após confrontos, reajuste é aprovado


Bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e protestos marcaram o momento mais delicado do embate entre professores e Prefeitura
Vereadores votaram a revisão salarial dos professores de Fortaleza, mas a categoria continua insatisfeita e prosseguirá em greve por tempo indeterminado. Ontem foi dia de muita confusão
Manifestantes impediram entrada de vereadores e houve confronto com a Guarda Municipal (RAFAEL CAVALCANTE) Manifestantes impediram entrada de vereadores e houve confronto com a Guarda Municipal (RAFAEL CAVALCANTE)
Após dia inteiro marcado por tumulto, gás de pimenta e protesto de professores municipais que impediam o acesso de vereadores à sede do Poder legislativo, a Câmara aprovou, ontem a emenda substitutiva sobre revisão salarial da categoria. Só na tarde de ontem, a proposta passou por três votações: primeira e segunda votação e redação final. Os professores com ensino médio terão vencimento-base de R$ 1.187,97, enquanto os graduados receberão R$ 1.439,03. Os valores são questionados pelos professores desde o início da greve.

Só o vereador Átila Bezerra (PTC) absteve-se nas duas primeiras votações. No entanto, ele não deu o terceiro e último voto, porque se retirou do plenário da Casa.

Durante todo o dia, manifestantes e vereadores buscavam estratégias para um burlar o plano do outro. Enquanto os professores em greve obstruíam as entradas da Casa, vereadores articulavam uma maneira de furar a barreira e realizar a sessão. Os grevistas barraram as entradas desde o início da manhã. “Ô, Luizianne, preste atenção: foi professora e traiu a educação!”, “Retira! Retira! Retira a mensagem!”, gritavam os manifestantes.

Alguns vereadores uniram-se à causa dos grevistas, como João Alfredo (Psol), opositor à prefeita. Foi o caso até do petista Salmito Filho, cuja relação com Luizianne está estremecida. Para impedir a entrada, professores chegavam a segurar vereadores pelo braço.

Guilherme Sampaio (PT), presidente da Comissão de Educação, e outros parlamentares se refugiaram na Associação dos Servidores da Câmara, do outro lado da rua. Os demais, que haviam chegado mais cedo ou conseguido furar o bloqueio, aguardavam dentro do Parlamento. Acrísio, que estava no prédio desde o início da manhã, não saiu à rua.

O auge no conflito se deu momentos antes de instalação da sessão, quando uma ação dos guardas instaurou o confronto físico entre agentes, professores e vereadores. A Guarda lançou bombas de gás lacrimogêneo no aglomerado, que partiu para cima dos agentes, aparelhados de escudos e cassetetes. “Que diabo é isso, Arimá? Que diabo é isso?” gritava João Alfredo, nervoso, dirigindo-se ao chefe da Guarda Municipal, Arimá Rocha. Alguns grevistas ergueram cadeiras contra os agentes. Arimá justificou que a ação “foi apenas para se defender, já que os manifestantes jogaram telha, pau e pedra nos guardas”.

Um carro em alta velocidade, identificado como dirigido por um dos educadores, passou em frente ao portão principal e derrubou um dos grevistas, que permaneceu no chão por instantes. Ele foi levado a um hospital particular e engessou a perna esquerda. Outros sete professores estariam feridos.

A confusão abriu caminho para a entrada de vereadores, que cruzaram os portões dentro de carros. Imediatamente, os parlamentares se acomodaram no plenário e, às 15h20min, abriram a primeira das sessões extraordinárias.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

A Guarda Municipal, inflada de 18 para 100 agentes para fazer a segurança da Câmara, tentando conter o acesso aos portões da Casa, chegou a borrifar spray de pimenta e gás lacrimogêneo, atingindo grevistas e jornalistas durante o confronto.

Marcela Belchior
marcelabelchior@opovo.com.br
Ranne Almeida
ranne@opovo.com.br

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