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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Palocci já saiu tarde Artigo do Messias Pontes para 08.06.11

Messias Pontes Jornalista e Presidente do Comitê de Imprensa 
da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará.
A permanência de Antonio Palocci à frente da Casa Civil da Presidência da República era temerária. Ele demorou demais a falar sobre o seu meteórico enriquecimento, e, quando o fez, justificou mas não esclareceu, não convenceu nem mesmo a base aliada. Até mesmo importantes lideranças petistas e de partidos aliados estavam a exigir o imediato afastamento dele. Foi uma sucessão de erros, inclusive em falar com exclusividade para o Jornal Nacional, da TV Globo, ao invés de convocar uma entrevista coletiva. A sua permanência só problemas traria ao governo da Presidenta Dilma Rousseff.

O desgaste foi tamanho que nem mesmo o anúncio do Programa Brasil sem Miséria, o principal do atual governo, foi capaz de merecer a repercussão esperada. A entrega da plataforma P-56, da Petrobras - totalmente construída no Brasil com 73% de conteúdo nacional, fato histórico notadamente depois de os neoliberais tucanos terem sucateado a indústria naval brasileira – foi outro importantíssimo acontecimento que não gerou a repercussão exigida.
Sem bandeira, sem proposta, sem programa e sem credibilidade, além de dividida, a oposição conservadora de direita, com o irrestrito apoio da velha mídia conservadora, venal e golpista recebeu a denúncia de enriquecimento “ilícito” de Palocci como um manjar dos céus. Era tudo o que faltava para a direita infernizar a vida e o governo da presidenta Dilma, pois não era o ministro que a oposição queria atingir, posto que é seu aliado, mas sim o governo democrático e popular.
Os clientelistas e chantagistas que fazem morada na base aliada, em especial os do PMDB e os evangélicos, tendo à frente o deputado federal e ex-governador fluminense Antony Garotinho, igualmente soltaram rojões deste período junino, comemorando mais essa trapalhada de Palocci.
Sem a menor cerimônia, Garotinho saiu com essa pérola, chantageando o governo ao fazer do ministro da Casa Civil moeda de troca para a base governista votar a favor da emenda que eleva o salário de policiais, e também para a presidenta Dilma retirar do Congresso o chamado kit gay: “O momento político é este. Temos uma pedra preciosa, um diamante que custa R$ 20 milhões, que se chama Antonio Palocci”.
O governo Dilma não podia ficar refém desse tipo de gente, e a única maneira de continuar governando com tranquilidade é com a substituição do ministro. Aliás, o próprio Antonio Palocci já deveria ter tomado a iniciativa para por um fim à crise e poupar a Presidenta do constrangimento de ter de demiti-lo.
A oposição conservadora de direita que estava se afogando em águas turvas, encontrou em Palocci a sua tábua de salvação. Porém com a saída do ministro, a oposição vai continuar buscando algo para sobreviver.
A indicação da senadora petista Gleisi Hoffmann foi bem recebida pela base aliada. O que dela se espera é que não repita os erros do seu antecessor, que, como areia de cemitério, queria comer sozinho, ou seja, queria monopolizar e indicar os ocupantes dos principais cargos do governo. Para o fortalecimento do governo Dilma é imperioso que os aliados recebam o tratamento que merecem. A presidenta Dilma foi chantageada, mas Palocci chantageou também os aliados com ameaças de demissão de correligionários.
A prática demonstrou neste pequeno período de governo que nem sempre ter maioria no Congresso é certeza de tranqüilidade. A posição de Antony Garotinho e de outros parlamentares evangélicos, em determinados momentos, deixou isso muito claro. O tratamento dispensado por Palocci a fiéis e corretos aliados, negando-lhes ou tentando negar espaços no governo, também contribuiu para o seu isolamento. Afinal, o ex-ministro da Casa Civil está colhendo o que plantou. E a safra foi péssima. Por isso a sua saída já aconteceu tarde. Que os erros sirvam de exemplo!

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