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segunda-feira, 13 de junho de 2011

AO PÉ DA LETRA

Prof. Pasquale                    
 Prof. Pasquale
  
Duas palavras sobre o emprego da vírgula (2)
Uma das situações vistas foi exemplificada com este par: "São Paulo acorda!" e "São Paulo, acorda!"

Na semana passada, começamos uma conversa sobre o emprego da vírgula. Vimos exemplos de situações em que se emprega (ou não se emprega) esse sinal de pontuação. Vimos alguns casos em que, com uma simples vírgula, o que é sujeito passa a vocativo. Uma das situações vistas foi exemplificada com este par: “São Paulo acorda!” e “São Paulo, acorda!”. Não custa (re)lembrar: na primeira frase (sem vírgula), “São Paulo é sujeito; na segunda, é vocativo.


Certa vez, no já distante ano de 1999, durante um treino do Santos F. C., torcedores da equipe estenderam uma faixa, com dizeres que provocaram a ira de Viola, então centroavante do Peixe. Parece que ninguém fotografou ou filmou a bendita faixa, mas algumas pessoas que presenciaram a cena juraram que nela se liam estes dizeres: “Viola joga bola”. Outras afirmaram categoricamente que os dizeres eram estes: “Viola, joga bola”. Bem, se os dizeres eram os da primeira hipótese, o atleta não tinha do que se queixar, já que ali se exaltavam as suas qualidades. Com a vírgula, a história é outra. Já sabe, não? Com a vírgula, havia o “convite” a Viola para que se esforçasse um pouco mais... Mas vejamos outros casos em que (não) se emprega a vírgula.

Convém (re)lembrar que, quando os termos de uma oração estão dispostos na ordem direta, não há necessidade de vírgula. Veja este exemplo: “Muitos dos jogadores estrangeiros do riquíssimo Barcelona são titulares das seleções de seus países”. Qual é o sujeito dessa oração? Começa em “Muitos” e termina em “Barcelona”. Pois bem, entre “Barcelona” e “são”, ou seja, entre o sujeito e o verbo, não há vírgula, já que esses termos têm relação sintática direta e estão lado a lado.Agora vamos ver outros exemplos: “Ofereci o livro à diretora”; “Concederemos o certificado de conclusão do curso a todos os alunos aprovados nas disciplinas e presentes a pelo menos 70% das aulas”.

Que semelhança há entre esses dois exemplos? Vamos pensar. No primeiro, temos a forma verbal (“ofereci”) seguida de seus dois complementos: “o livro” (complemento direto, a coisa que se oferece) e “à diretora” (complemento indireto, a pessoa a quem se oferece o livro). Você colocaria alguma vírgula nesse exemplo? É pouco provável, não? Pois bem, na segunda frase temos exatamente a mesma sequência: a forma verbal “concederemos” e seus dois complementos (“o certificado de conclusão do curso”, complemento direto, e “a todos os alunos aprovados nas disciplinas e presentes a pelo menos 70% das aulas”, complemento indireto). A diferença é o tamanho dos complementos, o que não significa nada: não há vírgula no primeiro exemplo porque o verbo e seus dois complementos vêm em sequência direta; não há vírgula no segundo exemplo pelo mesmo motivo.

Quer ver outro exemplo clássico? Vamos lá: “Comunicamos aos clientes que as atividades desta loja serão encerradas às 23 horas”. A forma verbal “comunicamos” é seguida de seus dois complementos: a pessoa a quem se declara (complemento indireto) e aquilo que se declara (complemento direto). Não há vírgula depois de “comunicamos” porque não se separa verbo de complemento de verbo, assim como não se separa pai de filho. Não há vírgula depois de “clientes” porque não se separa um complemento verbal de outro, assim como não se separa um irmão de outro. Em outras palavras, o complemento indireto de “comunicamos” é “aos clientes”; o complemento direto é “que as atividades desta loja serão encerradas às 23 horas”. A história vai longe. Por enquanto, tente lembrar (e entender) que a vírgula não tem relação com os pulmões. Seu emprego depende de fatores ligados à sintaxe e, muitas vezes, também ao estilo.

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