No segundo dia do 17º encontro do Foro de São Paulo, nesta quinta-feira (19/5) em Manágua, o ex-presidente do Brasil e membro fundando do Foro, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou as forças de esquerda latino-americanas a seguir fortalecendo as alianças políticas, promovendo ao mesmo tempo processos unitários e integracionistas.
Em um auditório atento, Lula lembrou que em 1990, quando o Foro foi criado, a esquerda latino-americana estava profundamente dividida. “Ainda não havíamos aprendido uma lição básica que permitiria à esquerda chegar ao poder: é preciso unir as diferenças para derrotar os antagônicos”.
Giorgio Trucchi
Esquerda na América Latina já demonstrou saber governar “com mais competência do que a direita"
Segundo ele, o processo emprendido para superar a desconfiança e construir uma relação democrática entre as forças de esquerda culminou em uma modificação do panorama político do continente. “Precisamos valorizar as conquistas alcançadas nestes 20 anos, porque nosso continente passou por um verdadeiro furacão de democracia”, assinalou Lula.
O ex-presidente brasileiro aproveitou a ocasião para apresentar exemplos de resultados alcançados em seus oito anos de governo (2002-2010). “Nos disseram repetidas vezes que primeiro é preciso fazer a economia crescer e só depois distribuir a riqueza. Nós demonstramos o contrário: é preciso distribuir a riqueza para que a economia cresça”, afirmou.
Entre as principais conquistas de seu governo, disse Lula, estão o aumento de 62% do salário mínimo, a geração de 15,3 milhões de empregos formais e a desapropriação de 47 milhões de hectares de terra. Segundo ele, o financiamento agrícola foi duplicado e 45 milhões de trabalhadores tiveram acesso ao sistema bancário, enquanto 28 milhões saíram da pobreza. “O que custa menos a um governo é gastar dinheiro com os pobres, e mostramos isso ao garantir um salário mínimo a 52 milhões de pessoas, o que fez a economia avançar”, analisou Lula.
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Ao final de sua intervenção, o ex-presidente disse estar disposto a participar de todas as futuras reuniões do Foro e fez um chamado aos povos do continente para que fortaleçam os partidos políticos, como instrumento privilegiado para governar e assim resolver os problemas que por séculos vêm afetando os povos latino-americanos.
“Devemos refletir profundamente sobre o fortalecimiento dos partidos políticos, refletir sobre como construir alianças, ganhar eleições”. Segundo Lula, a esquerda na América Latina já demonstrou saber governar “com mais competência do que a direita ao longo de todo o século XX”. Ele disse estar convencido de que agora o processo de integração deve avançar, “porque é a única oportunidade para resolver os problemas que por séculos afetaram os mais pobres”.
Libia
Em seu discurso, o presidente da Nicarágua e anfitrião do evento, Daniel Ortega, disse ter se reunido com o ex-presidente Lula para trocar impressões sobre a intervenção militar na Líbia. “Dados da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] indicam que houve 5,8 mil bombardeios sobre o povo líbio. É um crime que não pode ficar impune”.
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Ortega convidou os membros do Foro a unir esforços para pedir um cessar-fogo e o início de um processo de negociação. “A partir deste Foro devemos pedir ao Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas] para que se reúna e aprove um cessar-fogo, e que sejam os líbios os responsáveis por decidir seu futuro”, concluiu Ortega.
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