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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O modo Lula de fazer política

Na segunda parte da série sobre a Era Lula, O POVO discute a forma de fazer política ao longo dos anos de poder petista e mostra os avanços e retrocessos do estilo Lula de se relacionar com os partidos e o Congresso Nacional
 (Lula com Fernando Henrique, Collor e Sarney: conciliação foi a marca da política de Lula) (Lula com Fernando Henrique, Collor e Sarney: conciliação foi a marca da política de Lula)

Quando Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto, em 1º de janeiro de 2003, chegava cercado de desconfianças sobre a condução econômica, mas com muita expectativa sobre a transformação das práticas políticas, sobretudo no aspecto ético.

Daqui a cinco dias, quando entregar a Presidência a Dilma Rousseff (PT), terá deixado como legado, por um lado, o sucesso na economia. Por outro, uma condução marcada pela ambiguidade, a conciliação até com antigos adversários e também por escândalos.

A tentativa de se equilibrar entre polos opostos foi uma das marcas maiores da era Lula na política. Longe do Lula radical, viu-se alguém que evitou os confrontos e tentou passar por cima das contradições sociais, econômicas e partidárias. E aí se diferenciou da administração Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Entre as mudanças promovidas, a mais visível é a tentativa de agradar, ao mesmo tempo, os movimentos sociais historicamente aliados ao PT e as classes mais favorecidas do País, que, aos poucos, perdia o medo de eleger um metalúrgico presidente.

De um lado, manteve sempre à frente do Ministério da Agricultura nomes do agronegócio. Enquanto isso, o Ministério do Desenvolvimento Agrário era entregue aos setores do PT que mantém boas relações com setores socais como o Movimento dos Sem Terra (MST).

“Outros governos conviveram com tais ambiguidades, mas não foi tão marcante, presente e explícita como agora”, avalia o professor Leonardo Barbosa, do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia.

Apesar das ambiguidades, o Governo Lula se demonstrou “mais progressista, popular e democrático” do que a gestão de FHC.

Causas do mensalão
O governo Lula reforçou o chamado “presidencialismo de coalizão”, sistema de alianças partidárias que alimenta as negociações entre Executivo e Legislativo desde a redemocratização. Para garantir a governabilidade, Lula se aliou às forças políticas consideradas “atrasadas”, como José Sarney (PMDB) e Fernando Collor (PTB).

Em 2005, os problemas decorrentes desse jeito de fazer política vieram à tona através do escândalo do mensalão, em que o PT era acusado de distribuir dinheiro a parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional.

O governo Lula fracassou também na tentativa de fazer a reforma política, apontada como solução para a crise ética. O Executivo chegou a encaminhar a proposta, que, contudo, jamais entrou na pauta do Legislativo.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA

O estilo conciliador ao extremo de Lula não foi garantia de tranquilidade política. Pelo contrário, a relação com o Congresso, os aliados e, em alguns momentos, até com o próprio partido foi turbulenta, temperada por escândalos.

RESUMO DA SÉRIE

Lula e o regionalismo
Lula não conseguiu desenvolver uma política regionalista. Ainda assim, o Nordeste saiu ganhando.
 
Robson Braga
robsonbraga@opovo.com.br

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