22 de dezembro 2010
Foi simplesmente emocionante a solenidade de lançamento da pedra fundamental do novo prédio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), na tarde de ontem, na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro. É a reconquista de um espaço sagrado dos estudantes desde 1942, palco de muitas lutas nacionais, como a campanha “O Petróleo é Nosso”, que precedeu à criação da Petrobras, através da Lei 2004, de 03 de outubro de 1953. O prédio foi criminosamente incendiado e demolido pela insensatez e insanidade dos militares golpistas de 1º de abril de 1964.
A solenidade foi prestigiada por vários ex e os atuais presidentes das duas entidades – Augusto Chagas e Yann Evanocick. O ex-presidente da UNE e ex-deputado federal, Aldo Arantes, fez um pronunciamento que tocou fundo o coração dos presentes. O presidente da entidade à época do golpe militar, José Serra, lá não botou os pés.
O governador do Rio, César Mais, o prefeito carioca Eduardo Paes, vários ministros e ex-ministros de Estado, deputados federais e o senador Inácio Arruda (PCdoB), e o senador eleito pelo Rio de Janeiro, Lindberg Farias, também ex-presidente da UNE, igualmente prestigiaram o evento. Uma das presenças mais marcantes foi a do arquiteto Oscar Niemeyer, autor do projeto (doado) de um Centro Cultural que terá 13 andares, e onde serão construídos o Museu da Memória do Movimento Estudantil e o teatro dos estudantes.
Bastante ovacionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu a parceria com os estudantes, dando o seu testemunho de que durante o seu governo não houve subserviência dos estudantes. Ele ressaltou o resultado dos “avanços irrevogáveis do ensino no País, que ganhou muito com ações bem sucedidas como o ProUni, o Reuni e os investimentos em escolas técnicas federais”, lembrando que nenhum outro governo investiu tanto em educação como o dele, logo ele que só tinha o 4º ano primário.
O presidente Lula informou que o Governo já depositou R$ 30 milhões na conta da UNE e que os R$ 14 milhões restantes, necessários para a construção do prédio, já estão garantidos. Ele deve editar uma Medida Provisória até o final do mês ou deixará para a presidente eleita Dilma Rousseff assinar. Houve muita vibração dos estudantes presentes que gritaram palavras de ordem como “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
A UNE foi fundada em 1937 após a unificação do movimento estudantil. Teve papel importante na luta pelo fim da ditadura do Estado Novo e nos protestos contra as forças nazifascistas durante a segunda Guerra Mundial. Antes do golpe de 64 defendeu as reformas de base propostas pelo presidente João Goulart, teve participação vanguardista na resistência à ditadura militar ( 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985), com destaque para a passeata dos 100 mil e a campanha das Diretas-Já.foi decisiva no processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, e resistiu bravamente às privatizações e ao neoliberalismo capitaneado pelo Coisa Ruim (FHC).
No início dos anos 1960 a UNE percorreu o Brasil de Norte a Sul e de Leste a Oeste com o Centro Popular de Cultura (CPC), que revelou grandes nomes das artes, notadamente do teatro, do cinema, da poesia e da música. Ainda hoje a UNE enche de orgulho a juventude estudantil brasileira.
A pergunta que não quer calar é: aqueles que incendiaram e destruíram o prédio da UNE, em abril de 1964, não serão responsabilizados pelo prejuízo causado? O Estado deveria obrigá-los a restituir aos cofres públicos o dinheiro necessário para a construção daquele histórico prédio. Isto para que novos crimes não voltem a se repetir. A impunidade dos criminosos agentes do Estado Novo motivaram os golpistas de 1964. Estes não devem continuar impunes.
Não se escreve a história do Brasil sem se destacar o fundamental papel da UNE. E ainda hoje os estudantes de vanguarda continuam gritando “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário