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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Que Gilmar Mendes não solte os bandidos do Rio


Artigo do Messias Pontes para 02.12.10

O Brasil inteiro assistiu, atônito, nos últimos dias, às ações das forças militares e policiais no Rio de Janeiro contra o crime organizado. Toda a sociedade apoiou o combate sem trégua aos bandidos e aplaudiu por não atingir pessoas inocentes nos morros da Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão. Muita droga – maconha, cocaína e crack – e muita arma pesada e farta munição foram apreendidas, causando enorme prejuízo financeiro aos traficantes, calculado em mais de R$ 100 milhões.
A sociedade brasileira aplaudiu também a prisão de vários “chefões” do tráfico, mas espera que os que conseguiram furar o cerco sejam presos no curto prazo. Espera também que haja uma averiguação rigoroso para apurar denúncias de que maus policiais facilitaram a fuga de alguns bandidos tanto no morro da Vila Cruzeiro como no Complexo do alemão. Há denúncias também de excesso por parte de policiais e até mesmo de roubo, conforme declarou um morador da Vila Cruzeiro que um soldado lhe roubou R$ 31 mil, dinheiro recebido da rescisão de contrato de trabalho.
Mas o que os brasileiros de bem esperam mesmo é que o ministro Gilmar Mendes – ou Gilmar Dantas, conforme o jornalista Ricardo Noblat – não venha a decretar a liberdade dos bandidos presos durante a operação policial-militar. A preocupação é procedente, pois este ministro, que infelizmente chegou à presidência da mais alta Corte de Justiça do País, tem sido benevolente, para não dizer um pai, com bandidos de colarinho branco.
Para surpresa geral, Gilmar Mendes soltou o banqueiro-bandido italiano Alberto Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, que deu um rombo de mais de R$ 1,5 bilhão. Em liberdade, Cacciola fugiu para o seu país, e só foi preso pela Interpol quando resolveu passear no Principado de Mônaco, e depois extraditado para Cá.  Ele foi condenado a 13 anos de prisão por gestão fraudulenta e desvio de dinheiro público.
Gilmar Mendes, para não perder a fama, concedeu celeremente dois habeas corpus ao também banqueiro-bandido Daniel Dantas, indiciado por vários crimes, entre eles gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Além de proteger o banqueiro-bandido, Gilmar Mendes perseguiu implacavelmente o delegado federal Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha que apurou a roubalheira de do dono do banco Opportunity ;  também perseguiu o legado federal Paulo Lacerda, então diretor da ABIN, e o juiz Federal Fausto di Sanctis que decretou as prisões de DD.
A posição e as decisões do ministro Gilmar Mendes foram tão esdrúxulas que um movimento nacional ganhou corpo para o seu impeachment, o que acabou não acontecendo porque a maioria dos senadores é muito conservadora e medrosa, para não dizer covarde. Dezenas de entidades nacionais se manifestaram pelo impeachment desse ministro que foi indicado pelo Coisa Ruim (FHC) para o Supremo Tribunal Federal apesar das advertências feitas pelo grande jurista Dalmo de Abreu Dallari.
Setores progressistas da igreja católica têm denunciado as ações antidemocráticas de Gilmar Mendes, notadamente na criminalização dos movimentos sociais, em especial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).  Comprometido com os interesses do baronato da mídia, esse ministro tornou sem efeito a obrigatoriedade do diploma de curso superior em Comunicação Social para o exercício da profissão de jornalista.
Agora, para indignação geral, o ministro Gilmar Mendes põe em liberdade o médico-monstro Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão, em primeira instância, por crimes sexuais contra 60 pacientes. O relato das vítimas desse monstro, que é milionário, chocou a todos, menos ao ministro do STF que não gosta de ver bandido de colarinho branco na cadeia.
A consciência democrática brasileira não aceita, por hipótese alguma, que o ministro Gilmar Mendes tenha a petulância de ordenar a soltura dos traficantes de drogas e armas do Rio de Janeiro, presos nos últimos dias nas comunidades de Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.

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