O imperialismo, em especial o norte-americano, é intrinsecamente mau. Historicamente vive a pregar a cizânia em todo o mundo, se alimentando dos conflitos e fomentando a guerra onde pode e acha conveniente aos seus interesses. Quem manda nos Estados é a indústria bélica. Por isso quando não podem invadir um país, corrompem lideranças políticas, militares e judiciárias.
O exemplo mais recente foi o golpe de Estado em Honduras com a conivência do judiciário e de setores do legislativo daquele país centro-americano, quando os militares golpistas seqüestraram o presidente Manuel Zelaya na madrugada de 28 de junho de 2009 e o deportaram ainda de pijama. Tudo maquinado por Washington. Os colonistas e demais jornalistas amestrados defenderam o golpe e condenaram a corajosa posição assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que condenou e denunciou o golpe, e não reconheceu o novo governo eleito num processo fraudulento.
De há muito o imperialismo prega a competição entre nós e nossos hermanos argentinos e tenta nos levar a acreditar que o nosso vizinho é o pior dos inimigos, e que é no “irmão” do Norte que devemos buscar apoio para enfraquecer nosso vizinho.
Esse quadro começou a mudar com a chegada do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 1º de janeiro de 2003. Forjado na luta sindical, Lula sabia muito bem quem eram seus amigos e os adversários e inimigos. Com essa percepção, tratou de fortalecer os laços com os países sul-americanos, notadamente com los hermanos argentinos. A única rivalidade admitida é no campo dos esportes, principalmente no futebol. Aí é “gostoso” ganhar dos nossos vizinhos.
Para felicidade nossa e de nossos vizinhos, a ex-ministra Dilma Rousseff derrotou o candidato da direita, o tucano José Serra, que já havia se comprometido com o imperialismo a detonar o MERCOSUL, voltando a se alinhar automaticamente ao Estados Unidos como fizeram os militares golpistas e principalmente o Coisa Ruim (FHC) nos seus desgovernos. A submissão era tamanha que ele nada fazia sem antes consultar o presidente Bill Clinton, e assistiu calado ao seu ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, tirar os sapatos em diversos aeroportos estadunidenses.
Em sua primeira viagem internacional, a presidenta Dilma Rousseff fez questão de priorizar a Argentina, também governada por uma valorosa mulher – Cristina Kirchner. Nossa Presidenta poderia ter ido primeiro a Washington, até porque recebeu convite do presidente Barack Obama. Mas preferiu seguir a correta política de integração regional do ex-presidente Lula.
E para satisfação dos democratas dos dois países, Dilma fez questão de se encontrar com as mães e avós da Plaza de Mayo, cujos filhos e netos foram assassinados ou desapareceram durante a sangrenta ditadura militar naquele país. Com isso, ela explicitou o seu desejo de aprofundar o debate em torno das violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.
É oportuno lembrar que os argentinos fizeram o seu dever de casa no tocante à apuração e punição dos violadores dos direitos humanos. O ex-ditador, general Jorge Videla, responsável pela prisão ilegal, tortura e morte de milhares de resistentes à feroz ditadura, foi condenado à prisão perpétua. Outros militares e civis acusados de violação aos direitos humanos, igualmente foram punidos.
No encontro com as avós e mães da Plaza de Mayo, Dilma Rousseff ouviu pedidos para que o Brasil também punisse os criminosos fardados ou não que cometeram monstruosos crimes, inclusive desaparecendo com os corpos das vítimas e escondendo os documentos oficiais do período. Ainda hoje 144 famílias esperam receber o corpo de seus ente queridos para dar-lhes uma sepultura digna. Aliás, o Brasil já foi punido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por não ter punido os torturadores e assassinos fardados.
Os democratas brasileiros esperam que a presidenta Dilma obrigue os militares a entregarem os documentos pertencentes ao Estado e digam onde enterraram os corpos daqueles que foram mortos sobre tortura. Ela deve tudo fazer para que a Comissão da Verdade seja instalada. Para tanto conta com o apoio da esmagadora maioria dos brasileiros e até mesmo de considerável número de jovens oficiais do Exército aglutinados no grupo denominado Capitanismo.
Outras viagens da presidenta Dilma serão realizadas ao país vizinho e na agenda bilateral está a maior integração, principalmente do setor automotivo e da cadeia do petróleo, além da sempre oportuna defesa dos direitos humanos. Há ainda um possível acordo para vendas conjuntas em terceiros mercados.
Essa amizade com los hermanos argentinos deve não só ser mantida, mas principalmente fortalecida.
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